Se o objetivo é inspiração, este casal, certamente, é um dos melhores e mais bonitos exemplos disso. Sua história, determinação, luta e coragem impacta e transforma, positivamente, a vida de milhares de LGBTIs. Não apenas no Brasil, mas também fora dele.
Toni Reis e David Harrad se conheceram em Londres, em 28 de março de 1990. Toni é brasileiro e David inglês. Estão juntos desde então. Toni havia se formado em Letras, na UFPR, em março de 1989. Imediatamente em seguida, foi para a Europa, a fim de conhecer outras culturas. No final de 1991, o casal deixou a Inglaterra foi morar em Curitiba. Em março do ano seguinte, realizaram a primeira reunião do que viria a ser o Grupo Dignidade, entidade de promoção e defesa dos direitos de LGBTI+ que existe até hoje.
Desde aquela época, a vida particular do casal tem se misturado com questões da militância dos direitos das pessoas LGBTI+. Quando David veio morar no Brasil, não se reconhecia a união entre duas pessoas do mesmo sexo como fundamento para emissão de visto permanente. Depois de ter ficado no país como turista – até não poder mais continuar nesta condição -, acabou permanecendo irregular por aqui, à espera de uma anistia. Em 1996, ele foi denunciado à Polícia Federal e recebeu o prazo de oito dias para sair do país.
Uma grande mobilização ocorreu, para que David pudesse continuar no Brasil. A mãe do Toni, que era viúva, prontificou-se a casar com o inglês, para resolverem a situação. Por fim, isto acabou não sendo necessário, pois o próprio governo brasileiro achou uma solução provisória: a emissão de um visto temporário. Em 2003, porém, esgotaram-se as possibilidades de emissão de visto temporário e o casal deu entrada no recém-criado Conselho Nacional de Combate à Discriminação. O resultado foi a alteração da legislação sobre imigração, para reconhecer xs companheirxs estrangeirxs do mesmo sexo, para fins de emissão de visto permanente.
O visto permanente do David, finalmente, foi recebido em 2005. Logo em seguida, o casal deu entrada na qualificação para adoção conjunta de filhos (sem o visto permanente, isto não era possível). Após uma longa espera e uma “batalha” na justiça – que chegou até o Supremo Tribunal Federal (STF) -, o casal conseguir adotar o primeiro filho, em 2012. A filha e o segundo filho vieram dois anos depois.
Em 2011, apenas alguns dias após a decisão do STF que reconheceu as uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo, o casal registrou sua união em cartório. Em 2018, Toni e David se casaram no civil e também no religioso, na Catedral Anglicana de Curitiba. No momento em que este texto foi redigido para o Sim Colorido (julho de 2019), Toni tem 55 anos, é diretor executivo do Grupo Dignidade e diretor-presidente da Aliança Nacional LGBTI+ e pós-doutor em Educação. David tem 61, é presidente do Grupo Dignidade e trabalha como tradutor.
A eles, nossos mais sinceros parabéns. E obrigadx!
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